Foto: Felipe Ballin

ANDRÉ TIMM

Vencedor Prêmio Minuano de Literatura 2021.
Vencedor Prêmio Off Flip 2018.
Finalista Prêmio São Paulo de Literatura 2017.

André Timm é natural de Porto Alegre e radicado em Santa Catarina desde 2004. É autor de Insônia (2011), Modos Inacabados de Morrer (2017), romance finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, também publicado na Itália, e Morte Sul Peste Oeste (2020), vencedor do Prêmio Minuano de Literatura 2021. Em 2018, venceu o Prêmio Off Flip, da Festa Literária Internacional de Paraty. Em 2024, lançou Objeto Cintilante: História Sulfúrea.

Objeto Cintilante: História Sulfúrea

O que a boa literatura não deveria fazer é nos dizer o que pensar. O que acontece, no entanto, na boa literatura, como em toda forma de arte, é a oferta do espaço em branco, o vazio que nos é essência e que é preenchido a partir de sugestões e questionamentos lançados pela obra. No deslizar da leitura, construímos nossas sensações e temos, como carta na manga, o uso facultativo daquela narrativa para fundamentar nossos debates e discussões. Quando um livro se propõe a narrar a violência virtual que vivemos, é fácil pensar que a história se desenvolverá em torno da destruição e da ruína que pode ser identificada em cada um de nós através do uso desenfreado das redes, dos aplicativos, dos aparelhos eletrônicos para, no fim, nos aplicar uma lição ou nos repreender, de certa forma. Claro, o que acontece neste livro nada tem a ver com uma proposta reduzida. André Timm, autor reconhecidamente talentoso e que é dono de um ritmo narrativo sempre dinâmico e de incrível fluidez, nos apresenta uma história que, além de incomodar, emociona. O retrato de uma família comum, ou seja, disfuncional e problemática, é o que nos engole para dentro da narrativa sobre Dante, Alice e Antônia, personagens que podem ser, dolorosamente, qualquer um de nós entrelaçados intimamente pela dependência de uma tecnologia que nos escraviza muito mais do que ajuda. Com sensibilidade e uma linguagem clara e afiada, André propõe temas duros e os quais, no mergulho da noite, dentro do nosso próprio escapismo virtual, nos amedrontam e nos engolem de culpa. A negligência e a impotência dos pais de Antônia são equivalentes. Dante e Alice, como qualquer um de nós, querem o mundo para os filhos, ao mesmo tempo que nesse mesmo mundo, haja pouco tempo para resistir à tentação de isolamento coletivo, deixando de fora o exercício já desatualizado da convivência real ou presencial. Objeto cintilante é um livro intimamente violento e que perturba porque também emociona. É aquela paz aparente que sentimos quando a casa está em silêncio e, ao repararmos bem, vemos cada membro da família em estratégias de fugas virtuais e viciantes. Uma fuga de nós mesmos que passa a ser a viagem mais irreversível, mais irresistível e a mais dramática.

Nara Vidal

Objeto cintilante é um livro intimamente violento e que perturba porque também emociona. Com sensibilidade e uma linguagem clara e afiada, André propõe temas duros e os quais, no mergulho da noite, dentro do nosso próprio escapismo virtual, nos amedrontam e nos engolem de culpa.
Nara Vidal

Objeto Cintilante: História Sulfúrea é uma obra-prima claustrofóbica sobre a maior desgraça social de nosso tempo. Com um estilo tão elegante e preciso quanto um esgrimista no manejo do florete, André Timm nos guia sem piedade pelo inferno que compartilhamos. É um livro que, uma vez lido, permanecerá conosco, e voltará frequentemente às nossas lembranças.
Roberto Denser
André Timm escreve o nosso tempo com o olhar apurado de quem não tem medo de encarar verdades, por mais indigestas que elas sejam. Objeto cintilante: história sulfúrea é um assombro, pelo desconforto que quase podemos tocar em cada página, pelo espelho gigantesco que se impõe diante dos nossos olhos, e pela beleza de uma história bem contada, sem subterfúgios ou fugas. Timm vem traçando o seu caminho na literatura com personalidade, constância e muito talento. Esse livro é uma voz autoral em sua melhor forma, mas só até que venha a próxima obra. Estamos diante de um autor que se supera a cada projeto e que nos deixa intrigados e aflitos por mais.
Marcela Dantés

Livro vencedor do Prêmio Minuano de Literatura 2021

Depois do elogiado romance Modos inacabados de morrer, finalista do Prêmio São Paulo de Literatura (2017), André Timm retorna à literatura com esta história comovente. Morte Sul Peste Oeste narra a história de Dominique Baptiste Monfiston, um haitiano que deixa seu país - uma terra arrasada por um violento terremoto e uma crise econômica que deixaram mais de 300 mil mortos - com destino ao Brasil. Já no primeiro capítulo Timm nos leva ao centro dessa viagem vertiginosa, com uma linguagem direta e provocante, apresentando o destino de um protagonista que se equilibra entre a avareza dos "coiotes" e a corrupção de funcionários públicos. Ao atravessar a fronteira norte, recebe uma proposta para trabalhar num grande frigorífico no Sul, destino de muitos imigrantes que chegam nas mesmas condições. Dominique é um exilado que deseja ajudar aos que ama, e que não puderam acompanhá-lo, a sobreviver. Paralela à saga de Dominique, conhecemos a história de Brigite, treze anos, que desde cedo conhece a brutalidade do ambiente dos que vivem à margem. Brigite é uma menina transexual, exilada do próprio corpo, submetida a um regime de abusos ao se ver obrigada a se prostituir pela própria mãe e a conviver com o seu namorado violento. Privada de acolhimento e afeto, tinha tudo para ser uma jovem amargurada, entregue que está ao meio hostil onde cresce. Mas, não, Brigite é dotada de uma extraordinária força para enfrentar as adversidades que lhe são impostas. São esses dois destinos tão distintos, e que guardam em si a voragem dos sobreviventes, que irão se encontrar de maneira surpreendente. Com rara habilidade, Timm traz para o centro da literatura brasileira contemporânea os que vivem à margem da nossa própria literatura. Ele, através de sua escrita precisa e elegante, dá voz a personagens que possivelmente encontramos em nossas cidades, mesmo que muitos finjam não ver, ou que ao serem vistos tenham a si destinados os piores preconceitos. Mas a Literatura, essa terra livre onde podemos viver muitas vidas e compartilhar emoções e sentimentos que comunicam a nossa humanidade, nos permitirá atravessar as suas vidas e para elas desejar muita, muita sorte.

Itamar Vieira Junior

André Timm concebe dois protagonistas pelos quais é difícil não se apaixonar. Aqui, contendo passagens de grande sensibilidade, um romance que entrelaça buscas e riscos, que explicita dores permanentes a que muitos são condenados, mas também dois fluxos narrativos singulares, duas jornadas dignas de atenção, dois polos-siameses de uma mesma redenção.
Paulo Scott

Com rara habilidade, Timm traz para o centro da literatura brasileira contemporânea os que vivem à margem da nossa própria literatura. Ele, através de sua escrita precisa e elegante, dá voz a personagens que possivelmente encontramos em nossas cidades, mesmo que muitos finjam não ver, ou que ao serem vistos tenham a si destinados os piores preconceitos.
Itamar Vieira Junior

Um trabalho primoroso de um escritor que já vinha conquistando seu espaço. Morte Sul Peste Oeste é uma aula de construção de personagens e desenvolvimento narrativo.
Marcela Dantés
André Timm sabe que a humanidade caminha por caminhos tortuosos em busca da retidão. Brigite e Dominique percorrem essas estradas como Bonnie & Clyde. Mas sem armas, a não ser o afeto.
Joca Reiners Terron

Livro finalista do Prêmio São Paulo de Literatura 2017

Você sabe o que é ter treze anos, e vivenciar as asperezas da escola, e se apaixonar pela primeira vez, e ter um corpo que não lhe pertence completamente, que nem sempre obedece ou acomoda. Por isso, enquanto Santiago, o protagonista de Modos inacabados de morrer, não consegue se habitar de todo, premiado na loteria da vida com a inadequação extra da narcolepsia, nós, os leitores, vamos entrando na intimidade dessa juventude que todos encontramos em nós. Capturados pelo ritmo da narrativa, pelas delicadezas deste romance de formação e também pela escolha do autor, saborosa e ainda um tanto rara, de contar a história na segunda pessoa. Aqui, o livro bebe do Bildungsroman moderno e das narrativas contemporâneas que também elegem esta perspectiva narrativa, dialogando, por exemplo, com um dos melhores contos de David Foster Wallace de uma maneira bem íntima. Entranhados neste "você" que é outro e é nosso, somos carregados cada vez mais dentro da história, enquanto, para Santi, a excitação das novas experiências o arranca para fora de si. Chorar, sentir medo, nadar, até rir pode lhe roubar o controle, apagar sua luz. Pode também deixá-lo à mercê da narrativa dos outros, com suas violências. Com seu perigo. O entrelaçamento das vidas dos personagens vai se desvelando no tempo e nos modos do amadurecimento: devagar e veloz, e sempre com impacto. O autor renova a tensão na mesma constância e regularidade com que o mar lança suas ondas. Sem descanso. Saímos banhados, encharcados de vida

Moema Villela

Tem uma prosa ousada em segunda pessoa, incrementada por notas científicas de rodapé. daria um belo filme. li numa madrugada.
Santiago Nazarian

Há talento nas passagens da realidade ao pesadelo, que são realistas ao ponto do leitor se assustar quando se dá conta de que tinha entrado no sonho do protagonista como se ele fosse real.
E
liana Cardoso, Valor Econômico

Em sua estreia no romance, André Timm explora caminhos indistintos para se colocar no time principal dos novos autores brasileiros.
Sérgio Tavares
Morte Sul Peste Oeste é uma breve jornada de dois personagens complexos, porque distintos, e ao mesmo tempo semelhantes: Dominique e Brigite são imigrantes em seus espaços internos e externos
Ney Andernon
Me pegou pelo braço e me fez subir a montanha de um fôlego só, de olhos bem abertos, sem cansar.

Cláudia Nina

Uma âncora onírica no mar. Somos Santiago e apagamos lentamente através de um romance de formação íntimo, belo e doloroso. Nas suas 137 páginas, somos inseridos em um transe profundo, onde a forma conduz o conteúdo com precisão cirúrgica. Catártico e potente, "Modos Inacabados de Morrer" tem um registro elegante como um sono profundo, daqueles que nos fazem afundar em buracos infindáveis em câmera-lenta.
Bruno Ribeiro

Uma maneira peculiar e eficiente de narrar.

Alexandre de Paula, Correio Brasiliense

Você lê rápido o romance "Modos inacabados de morrer", não só porque ele é curto e envolvente, mas porque provoca uma angústia da qual você precisa se livrar
com urgência.


Léo Cunha

Numa cidade apinhada de prédios, a insônia proporciona encontros furtivos nas janelas dos apartamentos. E, no relance desses olhares, histórias se constroem e expõem o que há de mais obscuro em uma madrugada. Num prédio em que ninguém dorme, a insônia proporciona concretude aos sonhos mais estranhos. Tal qual a lógica de um edifício, os enredos de Insônia se superpõem numa armação de intrigas que tem como base o cotidiano de pessoas que vivem juntas, mas não se conhecem. É no sutil encontro que existe em estar vendo e ser visto que as histórias se cruzam: por entre salas, corredores e elevadores, vemos o desvario de um compositor frustrado, o jogo bizarro de um seqüestro e vemos ainda outros acontecimentos que desafiam a memória e testam obsessões. Vemos e somos vistos, pois na madrugada dessas insônias, nossos pesadelos ganham cores sombrias e nossos temores se concretizam em situações que anunciam o desastre. Numa cidade apinhada de pessoas, estamos todos na vigília da vida, confusos entre a realidade e o sonho. Se os pilares sustentam o concreto, a vida sustenta absurdos – e justamente ao captar o que é efêmero e assustador, André Timm nos coloca frente a frente com a vida e desfecha: concreto, somente os edifícios. Entretanto, em meio a tantos olhares enviesados, encontros ao acaso, músicas e brigas que não se resolvem, Insônia também proporciona concretude à madrugada de nossos medos.

Mauricio de Almeida

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